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Redução do pH urinário pré-parto com a suplementação de ingredientes aniônicos: efeitos sobre as respostas fisiológicas e produtivas de vacas Holandesas x vacas Gir

J. Dairy Sci. 101:1–13
https://doi.org/10.3168/jds.2018-14660
© American Dairy Science Association®, 2018.

R. O. Rodrigues,* R. F. Cooke,†1 S. M. B. Rodrigues,* L. N. Bastos,* V. F. S. de Camargo,* K. S. Gomes,* e J. L. M. Vasconcelos*1
*Departamento de Produção Animal, Universidade Estadual de São Paulo, Botucatu 18168-000, Brasil
†Departament of Animal Science, Texas A&M University, College Station 77845

RESUMO

Este estudo comparou parâmetros fisiológicos e produtivos em 3/4 vacas Holandesas x 1/4 vacas Gir alimentadas com um concentrado pré-parto contendo cloreto de amônia para reduzir o pH urinário para próximo de 7,0 (CON, n = 17), ou com um suplemento aniônico comercial para reduzir o pH da urina para próximo de 6,0 (SUPP, n = 17). As vacas não lactantes, multíparas e gestantes receberam SUPP ou CON a partir de 21 dias antes da data prevista do parto. As vacas foram mantidas em um curral de confinamento único com acesso ad libitum à silagem, e receberam individualmente o concentrado pré-parto uma vez por dia (0800 h) antes do parto. As vacas de ambos os tratamentos consumiram completamente sua porção de concentrado dentro de 30 minutos após receberem o alimento. O peso corporal das vacas e o escore de condição corporal foram registrados uma vez por semana, o pH da urina medido a cada 3 dias, e amostras de sangue foram coletadas nos dias -21, -14, -9, -6 e -3 em relação à data prevista do parto. Após o parto (d 0), as vacas foram transferidas para um curral de confinamento adjacente com acesso ad libitum à água e a uma dieta total básica, e foram ordenhadas duas vezes por dia (0600 e 1700 h). O peso corporal das vacas e o escore de condição corporal foram registrados uma vez por semana e a produção individual de leite foi registrada diariamente até 30 dias em lactação (DEL). As amostras de sangue foram coletadas antes de cada ordenha durante os primeiros 5 DEL, bem como nos 6, 9, 16, 23 e 30 DEL antes da ordenha da manhã. Com base nas datas reais de parto, as vacas receberam SUPP ou CON por (média ± desvio padrão) 19,2 ± 1,2 e 19,0 ± 0,9 dias antes do parto, respectivamente. O pH da urina foi menor em vacas do grupo SUPP do que em vacas do grupo CON durante os últimos 15 dias de gestação (6,12 vs. 7,15, respectivamente). O rendimento de leite durante os primeiros 5 DEL e durante todo o período experimental foi maior em vacas do grupo SUPP do que nas do grupo CON (em 20 e 14%, respectivamente), enquanto as concentrações séricas de Ca não diferiram entre os tratamentos durante os primeiros 5 DEL. As concentrações séricas de ácidos graxos foram maiores em vacas SUPP do que em vacas CON 3 dias antes e no parto (em 52 e 22%, respectivamente), enquanto as vacas SUPP apresentaram concentrações séricas mais baixas de glicose e cortisol no parto (em 23 e 27%, respectivamente). Assim, o tratamento com SUPP diminuiu o pH urinário pré-parto para próximo de 6,0 em vacas Holandesas x vacas Gir sem reduzir o consumo de concentrado em comparação com o tratamento CON, embora a ingestão total de matéria seca não tenha sido avaliada para investigar completamente as respostas de ingestão de alimentos. Além disso, o tratamento com SUPP afetou muito pouco as concentrações séricas de cortisol, ácidos graxos e glicose perto do período do parto, e resultou em maior rendimento de leite durante os primeiros 30 DEL em comparação com o tratamento CON. Palavras-chave: suplemento aniônico, vacas leiteiras, pré-parto, pH urinário

INTRODUÇÃO

A hipocalcemia é uma doença resultante da diminuição das concentrações de Ca no sangue no momento do parto, conhecida por diminuir a imunocompetência e a produtividade das vacas leiteiras (Daniel, 1983; Goff, 2008; Martinez et al., 2012). A alimentação com dietas de pré-parto com DCAD baixo ou negativo é uma estratégia tradicional para mitigar a hipocalcemia em rebanhos leiteiros (Block, 1994). Essas dietas resultam em acidose metabólica, levando à redução do pH sanguíneo e urinário, ao aumento da mobilização de Ca dos ossos para o sangue e para a urina, e a uma maior absorção intestinal de Ca (Takagi and Block, 1991; Moore et al., 2000; Grunberg et al., 2011). Assim, as concentrações de Ca no sangue e o rendimento de leite pós-parto aumentaram em vacas leiteiras que receberam dietas com DCAD negativo durante o período pré-parto (Moore et al., 2000; DeGroot et al., 2010; Weich et al., 2013).

A redução do DCAD é normalmente alcançada com a adição de sais aniônicos, como o cloreto de amônia, no concentrado ou na TMR, o que pode diminuir a palatabilidade e o consumo voluntário (Oetzel et al., 1991; Goff, 2008). Com efeito, uma metanálise realizada por Charbonneau et al. (2006) relatou que a redução do DCAD diminuiu linearmente a IMS no pré-parto, o que pode prejudicar o bem-estar e as respostas produtivas de vacas leiteiras durante a lactação (Drackley, 1999). Charbonneau et al. (2006) também sugeriram que dietas com DCAD próximo a 0 mEq/kg resultam em um pH urinário de 7,0 e mitigam a hipocalcemia sem grandes reduções de IMS no pré-parto, enquanto a diminuição do DCAD para acidificar a urina além do pH de 7,0 reduz substancialmente a IMS. Grunberg et al. (2011) relatou que vacas leiteiras no pré-parto alimentadas para atingir um pH de urina próximo a 7,0 apresentaram maior excreção urinária de cálcio antes do parto e aumento da concentração plasmática de Ca no dia após o parto, em comparação com coortes com pH urinário de cerca de 8,0. No entanto, o pH urinário de 6,0 tem sido associado com um melhor metabolismo de Ca pré-parto e melhor desempenho pós-parto no gado leiteiro (DeGroot et al., 2010; Weich et al., 2013; Leno et al., 2017).

Recentemente, Leno et al. (2017) avaliaram um suplemento aniônico comercial (ANM) usado para formular dietas pré-parto acidogênicas, cuja expectativa era de preservar a IMS voluntária de vacas leiteiras. Mais especificamente, esses autores relataram que a inclusão de ANM para produzir um DCAD negativo e um pH de urina próximo a 6,0 não reduziu a IMS pré-parto em comparação com dietas de controle com DCAD positivo. No entanto, nenhum outro estudo experimental examinou o uso de ANM para reduzir o pH urinário para abaixo de 7,0, especialmente em vacas Holandesas x vacas Gir em sistemas de semi-confinamento, típicos das regiões tropicais do mundo. O gado nesses sistemas normalmente recebe um concentrado separado da forragem durante o período préparto (Leiva et al., 2015; Brandão et al., 2016), o que pode acentuar os efeitos prejudiciais de suplementos aniônicos na ingestão de concentrado. Vacas Holandesas x vacas Gir também possuem diferentes aspectos metabólicos e produtivos em comparação com o gado holandês (Madalena et al., 1979), o principal modelo animal utilizado nas pesquisas sobre DCAD e hipocalcemia realizadas até o momento. Com base nesse raciocínio, trabalhamos com a hipótese de que a inclusão de ANM no concentrado pré-parto de vacas Holandesas x vacas Gir para reduzir o pH da urina para próximo de 6,0 não prejudicaria o consumo de concentrado e aumentaria as concentrações séricas de Ca e o rendimento de leite durante a lactação precoce, em comparação com o tratamento com cloreto de amônia. Assim, o objetivo principal deste experimento foi comparar as concentrações séricas de Ca e a produção de leite em vacas Holandesas x vacas Gir que receberam um concentrado contendo cloreto de amônia para reduzir o pH da urina para próximo de 7,0, com vacas que receberam ANM para reduzir o pH da urina para próximo de 6,0 durante o período pré-parto. Um objetivo secundário foi determinar se as diferenças de tratamento no Ca sérico e na produção de leite estavam associadas com o peso corporal (PC), os escores de condição corporal (ECC) e as respostas metabólicas durante o período de transição, tais como as concentrações séricas de glicose, ácidos graxos, haptoglobina, cortisol, insulina e IGF-I.

MATERIAIS E MÉTODOS

Este experimento foi realizado na Fazenda Experimental Lageado da Universidade Estadual de São Paulo, localizada em Botucatu, São Paulo, Brasil. Os animais foram tratados de acordo com práticas aceitas e protocolos experimentais analisados e aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais da Universidade Estadual de São Paulo (#108/2018).

Animais e dietas

Trinta e quatro vacas não lactantes, multíparas, gestantes, sendo 3/4 vacas Holandesas x 1/4 vacas Gir (PC = 611 ± 14 kg, ECC = 3,25 ± 0,06, 2,5 ± 0,1 paridades) foram classificadas em ordem decrescente de paridade, em seguida por ECC (Wildman et al., 1982) e por PC, e alternadamente designadas para receber um concentrado contendo ANM (Animate; Phibro Animal Health, Teaneck, NJ; SUPP; n = 17) ou cloreto de amônia (CON; n = 17) a partir de 21 dias antes da data prevista do parto. Esse procedimento de atribuição foi adotado para garantir que ambos os grupos de tratamento tivessem paridade, PC e ECC semelhantes no início do experimento.

Antes do parto, as vacas foram mantidas em um curral de confinamento único com acesso ad libitum a silagem de milho (1,5 m de espaço linear de cocho/vaca) e água. As vacas receberam individualmente um concentrado pré-parto limitado através de canzil uma vez por dia (0800 h; Tabela 1). O concentrado CON foi concebido para resultar em um DCAD de 0 mEq/kg e pH urinário de 7,0 (Charbonneau et al., 2006) com base numa ingestão prevista de silagem de milho de 7,8 kg de MS/vaca por dia, estimada pelo software de cálculo de ração Spartan Dairy Ration Evaluator/Balancer (versão 3.0, Universidade Estadual de Michigan, East Lansing). Por sua vez, a inclusão de ANM no concentrado foi concebida para produzir um pH urinário de 6,0, como mencionado em Leno et al. (2017). Mais especificamente, as amostras de urina foram agendadas para serem coletadas a cada 3 dias a partir do d -21 até o dia previsto do parto, imediatamente antes da ingestão do concentrado (0800 h). Uma amostra de urina do jato médio de cada vaca foi coletada em um copo de papel após a estimulação manual abaixo da vulva e imediatamente analisada com um medidor de pH portátil de eletrodo de vidro (DM22, Digimed Analítica Ltda, São Paulo, Brasil) que foi calibrado diariamente (0600 h) com uma curva de calibração de 3 pontos (pH 4, 7 e 10). O pH da urina de cada vaca SUPP foi utilizado para regular a taxa de inclusão individual de ANM no concentrado, o que foi mantido quando o pH urinário se aproximou do alvo de 6,0. O mesmo ajuste não foi realizado nem necessário para vacas CON. É importante notar que a ingestão do concentrado basal por vacas SUPP foi constante, e somente a taxa de inclusão de ANM no concentrado variou de acordo com o pH urinário. A composição geral e o consumo diário dos concentrados são descritos na Tabela 1, e foram formulados para serem isocalóricos e isonitrogenados. As vacas de ambos os tratamentos consumiram completamente sua porção de concentrado dentro de 30 minutos após receberem o alimento.

Após o parto, as vacas de ambos os tratamentos foram transferidas para um curral de confinamento único adjacente com acesso ad libitum a água e TMR (1,5 m de espaço linear de cocho/vaca). A TMR consistiu (base de MS) de 47,8% de silagem de milho e 52,2% de concentrado (Tabela 1) e foi formulada com o software de cálculo de ração Spartan Dairy Ration Evaluator/Balancer (versão 3.0) para produzir 35 kg de leite/d. As vacas foram ordenhadas duas vezes por dia em um sistema de ordenha lado a lado (0600 e 1700 h).

Amostragem

Durante todo o período experimental, as vacas foram monitoradas diariamente por 2 técnicos de pesquisa treinados para a incidência de problemas de saúde, incluindo retenção da placenta, cetose, mastite e metrite, como mencionado em Lima et al. (2012). As vacas também foram observadas quanto a sinais clínicos de hipocalcemia (Allen, 2018) incluindo hipersensibilidade e excitabilidade (fase 1), incapacidade de ficar em pé mas com manutenção do decúbito esternal (fase 2) e perda de consciência (fase 3). Não foram detectados problemas de saúde clínica durante o experimento. As vacas foram pesadas em uma balança de plataforma (Precision Balanças, Tupã, SP, Brasil) e o ECC foi avaliado de acordo com Wildman et al. (1982) pelos mesmos dois avaliadores cegos em relação à distribuição das vacas nos tratamentos.

As amostras da silagem de milho, dos ingredientes do concentrado pré-parto e da TMR de lactação foram coletadas a cada 2 semanas, agrupadas em 1 amostra e analisadas quanto ao teor de nutrientes através de procedimentos de química úmida por um laboratório de bromatologia (3rlab, Belo Horizonte, Brasil). Os cálculos de EM utilizaram a equação proposta pelo NRC (2001). A concentração de MS foi de 47,3% na silagem de milho e seu valor nutritivo (base de MS) foi de 47% FDN, 2,21 Mcal/kg de EM, 9,1% PB, 1,11% K, 0,01% Na, 0,11% S e 0,16% Cl. Os valores nutritivos dos concentrados de pré-parto e TMR de lactação são descritos na Tabela 1. O tratamento com SUPP forneceu uma maior quantidade de Mg e S em comparação com o tratamento com CON, devido à composição mineral de ANM (Tabela 1). No entanto, a ingestão diária de Mg e S das vacas de ambos os tratamentos foi acima do exigido quando a ingestão prevista de silagem de milho de 7,8 kg de MS/vaca por dia foi considerada (332 e 191% acima dos requisitos de absorção de Mg, 178 e 115% acima dos requisitos de absorção de S, em vacas dos grupos SUPP e CON, respectivamente; NRC, 2001).

Pré-parto

O PC e ECC das vacas foram agendados para serem registrados uma vez por semana (d -21, -14 e -7) em relação à data prevista do parto (d 0) e antes da ingestão do concentrado (0800 h). As amostras de sangue também foram programadas para serem coletadas nos dias -21, -14, -9, -6 e -3 em relação à data prevista do parto e imediatamente antes da ingestão do concentrado. Com base nas datas reais de parto, as vacas dos grupos SUPP e CON foram designadas para os tratamentos e procedimentos experimentais nos dias 19,2 ± 1,2 e 19,0 ± 0,9 antes do parto, respectivamente. Por esse motivo, o dia de avaliação de PC e ECC, da coleta de sangue, bem como do pH da urina relativas à data real do parto foi arredondado para a data mais próxima de amostragem pré-agendada.

Pós-parto

As vacas foram avaliadas quanto a PC e ECC imediatamente após o parto (d 0) e depois uma vez por semana, enquanto a produção individual de leite foi registrada diariamente até 30 DEL. As amostras de leite foram coletadas uma vez por semana de cada vaca após cada ordenha do dia. Mais especificamente, 50 mL foram retirados de um amostrador de leite (#AMS/200; Ambic Equipment Limited; Oxfordshire, Reino Unido) acoplado a cada coletor de leite individual (GEA Farm Technologies, Bönen, Alemanha) e imediatamente misturados com o conservante bronopol e armazenados a 4°C. As amostras das duas ordenhas do dia foram combinadas em 1 amostra diária (100 mL) e enviadas para um laboratório comercial (Clínica do Leite, Universidade de São Paulo, Piracicaba, Brasil) dentro de 48 h após a amostragem. As amostras de leite foram analisadas quanto a CCS pela citometria de fluxo (AOAC, 1990) com o instrumento Somacount 300 (Bentley Instruments Inc., Chaska, MN), e as concentrações de gordura, lactose, proteína, caseína e ST foram examinadas com espectrometria de infravermelho (método 972.16; AOAC International, 1999). A produção diária de leite foi ajustada para LCG, LCE ou para leite corrigido para ST (NRC, 2001) com base nas concentrações de gordura, proteína e ST no leite da mesma semana. A produção de nutrientes do leite foi estimada com base na composição do leite e no rendimento diário de leite, e a produção de energia calculada de acordo com o NRC (2001). As amostras de sangue foram coletadas antes de cada ordenha durante os primeiros 5 DEL (0600 e 1700 h), bem como nos dias 6, 9, 16, 23 e 30 DEL antes da ordenha da manhã (0600 h).

Análise do sangue

As amostras de sangue foram obtidas pela veia ou artéria coccígea em tubos de coleta de sangue (Vacutainer, 10 mL, Becton Dickinson and Company, Franklin Lakes, NJ), colocadas imediatamente no gelo, centrifugadas a 3.000 x g a 4°C por 30 minutos para a coleta do soro e armazenadas a −20°C no mesmo dia da coleta. Todas as amostras foram centrifugadas dentro de 5 minutos após a coleta para prevenir a degradação de metabólitos e hormônios. As amostras coletadas durante os primeiros 5 DEL foram analisadas quanto à concentração sérica de Ca total (kit colorimétrico #K051, Bioclin Diagnostics, Belo Horizonte, Brasil). As vacas foram classificadas com hipocalcemia quando o Ca sérico total foi ≤2,125 mmol/L (Martinez et al., 2016). As amostras pré-parto (−21, −14, −9, −6 e −3 relativos à data prevista do parto) e pós-parto (0, 3, 6, 9, 16, 23 e 30 DEL) também foram analisadas quanto às concentrações séricas de glicose (kit colorimétrico #G7521; Pointe Scientific Inc., Canton, MI), ácidos graxos (kit colorimétrico HR Series NEFA-2; Wako Pure Chemical Industries Ltd. EUA, Richmond, VA), haptoglobina (ensaio colorimétrico; Cooke and Arthington, 2013), IGF-I, cortisol e insulina (ensaio imunoenzimático quimioluminescente, Immulite 1000, Siemens Medical Solutions Diagnostics, Los Angeles, CA). O CV intra e inter-ensaios foi, respectivamente, de 2,9 e 3,9% para glicose, 3,8 e 5,3% para ácidos graxos, 3,0 e 8,7% para haptoglobina, 4,8 e 6,3% para cortisol e 4,0 e 5,0% para insulina. A concentração sérica de IGF-I foi analisada dentro de um único ensaio e o CV intra-ensaio foi de 2,7%.

Análise estatística

O tamanho das amostras foi determinado pela capacidade do local de pesquisa, como nos estudos anteriores de nosso grupo testando projetos e hipóteses de pesquisa semelhantes (Leiva et al., 2015; Brandão et al., 2016). Nosso tamanho de amostra n = 17 por tratamento permitiria a detecção de uma diferença de 3,5 kg/d no rendimento de leite entre os tratamentos (principal resposta de produção) com base em 95% de confiança, 80% de energia e 3,0 kg/d de desvio padrão (G*power 3 software; Faul et al., 2007). Duas vacas do tratamento SUPP tiveram gêmeos e foram excluídas do experimento.

Todas as análises estatísticas foram realizadas com SAS (versão 9.4, SAS Institute Inc., Cary, NC), tendo a vaca como unidade experimental, vaca (tratamento) como a variável aleatória e a aproximação de Satterthwaite para determinar o denominador df para os testes de efeitos fixos. Todos os dados foram analisados utilizando os valores obtidos na amostragem antes do início da administração do tratamento quando apropriado (d -21 relativos ao parto previsto) e os dias recebendo o tratamento antes do parto como covariáveis independentes. Todos os dados foram inicialmente testados quanto à normalidade com o teste de Shapiro-Wilk do procedimento UNIVARIATE (SAS Institute Inc.) e os dados de CCS do leite não foram normalmente distribuídos (W = 0,41). Assim, os dados de CCS foram convertidos ao logaritmo (base-10 log) para atingir a normalidade (W = 0,96) para a análise estatística, e os resultados foram convertidos novamente para facilitar a interpretação.

Objetivos principais. Os efeitos do tratamento no pH da urina, na concentração de Ca sérico e na produção de leite foram modelados utilizando modelos mistos lineares (PROC MIXED). A declaração do modelo continha os efeitos fixos do tratamento, o tempo (hora, dia ou semana de acordo com a resposta e o cronograma de amostragem) e a interação resultante. O rendimento de leite maduro anterior equivalente a 305-d de cada vaca também foi incluído como covariável independente para toda a análise de produção diária e composição do leite. O termo especificado para as declarações repetidas variou de acordo com a resposta (hora, dia ou semana) e vaca(tratamento) foi incluído como objeto. A estrutura de covariância utilizada para todas as análises foi a autorregressiva, o que produziu o menor valor de critério de informação de Akaike. A prevalência de hipocalcemia (Ca sérico total de Ca ≤2,125 mmol/L; Martinez et al., 2016) durante os primeiros 5 DEL foi analisada com distribuição binomial e função de ligação de logitos, utilizando um modelo linear generalizado misto (PROC GLIMMIX). A declaração do modelo continha os efeitos fixos do tratamento, a hora e a interação resultante.

Objetivos secundários. Os efeitos do tratamento sobre o PC e ECC das vacas e as concentrações séricas de glicose, ácidos graxos, cortisol, haptoglobina, insulina e IGF-I foram modelados utilizando modelos lineares mistos (PROC MIXED). As declarações do modelo, as declarações repetidas e a estrutura de covariância foram as mesmas que as utilizadas para as respostas de produção de leite, sem a inclusão do rendimento de leite maduro anterior equivalente a 305-d como covariável. As análises das medidas não repetidas de paridade, mudanças de PC e ECC, e ECC e PC iniciais (sem covariáveis incluídas) após o parto e finais continham o efeito fixo do tratamento na declaração do modelo.

Critérios gerais. A significância foi estabelecida em P ≤ 0,05, e as tendências foram determinadas se P > 0,05 e ≤0,10. Os resultados relatados são LSM ajustados covariavelmente, enquanto a prevalência de hipocalcemia é relatada como média real. Além disso, os resultados são apresentados de acordo com os principais efeitos de tratamento se a interação tratamento x hora (hora, dia ou semana) foi >0,10, ou dentro da variável de tempo utilizando a opção SLICE quando tal interação foi ≤0,10.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base na distribuição das vacas para os tratamentos experimentais, as vacas dos grupos SUPP e CON apresentaram paridade, PC e ECC semelhantes (P ≥0,39) (Tabela 2) no início do experimento.

pH da urina pré-parto e ingestão de concentrado

Uma interação de tratamento x dia foi detectada (P <0,01) no pH da urina pré-parto, sendo menor (P <0,01) em vacas do grupo SUPP em comparação com vacas do grupo CON do dia d -15 até o parto (Figura 1). Além disso, tanto as vacas do grupo SUPP como as do grupo CON atingiram e mantiveram o objetivo de pH da urina de aproximadamente 6,0 e 7,0, respectivamente, do dia d -12 até o parto (Figura 1). Tal como concebido, a ingestão de ANM por vacas do grupo SUPP aumentou linearmente do dia d -21 ao -12 (efeito do dia; P <0,01), quando o pH da urina atingiu o nível alvo, e teve média (±SE; base por ingestão de alimentos) de 504 ± 14 g/vaca por dia de d -12 até o parto. É importante salientar que a ingestão de silagem de milho não foi avaliada neste estudo para determinar com precisão o DCAD pré-parto em ambos os tratamentos, o que foi previsto com base na ingestão de silagem de milho estimada como descrito na Tabela 1. No entanto, tanto os tratamentos SUPP e CON foram concebidos para e reduziram com sucesso o pH da urina para os níveis estabelecidos pela nossa hipótese (Charbonneau et al., 2006; Leno et al., 2017). Além disso, as vacas de ambos os tratamentos consumiram completamente sua porção de concentrado dentro de 30 minutos após a oferta; portanto, a ingestão de concentrado pré-parto não foi afetada pela adição de sais aniônicos ou ANM para produzir o objetivo de pH urinário. O concentrado pré-parto foi limitado como é típico de sistemas de semi-confinamento em regiões tropicais do mundo (Leiva et al., 2015; Brandão et al., 2016), enquanto que resultados diferentes poderiam ter sido observados se o concentrado fosse oferecido para ingestão ad libitum. Outros autores também associaram a redução de IMS pré-parto à medida que o DCAD diminuía com o desconforto criado pela acidose metabólica (Vagnoni and Oetzel, 1998; Charbonneau et al., 2006), mas tal resultado não pode ser avaliado neste estudo devido à falta de avaliação de IMS total durante o período pré-parto.

Concentrações de Ca sérico e rendimento de leite durante os primeiros 5 DEL

Não foram detectadas diferenças de tratamento (P = 0,92) quanto às concentrações séricas de Ca total durante os primeiros 5 DEL (Figura 2), apesar das diferenças de tratamento no pH urinário (Figura 1). A prevalência de vacas com hipocalcemia (concentrações de Ca sérico ≤2,125 mmol/L; Martinez et al., 2016) também foi semelhante (P = 0,72) entre os tratamentos durante este período (Figura 2). Embora esses resultados sejam divergentes da hipótese principal deste experimento e de pesquisas anteriores (Moore et al., 2000; Leno et al., 2017), outros autores também relataram que a redução do DCAD pré-parto não aumentou as concentrações totais de Ca no sangue em vacas leiteiras durante a lactação precoce (DeGroot et al., 2010; Weich et al., 2013). No entanto, o rendimento de leite durante os primeiros 5 DEL foi maior (P = 0,05) em vacas do grupo SUPP do que nas do grupo CON (Figura 2), ainda que o colostro e a síntese do leite exijam uma quantidade substancial de Ca (Ramberg et al., 1970). Talvez o tratamento SUPP tenha mantido as concentrações séricas de Ca semelhantes às das vacas do grupo CON, apesar do aumento da demanda de Ca para produção de leite, embora a concentração de Ca no leite não tenha sido avaliada neste estudo para apoiar plenamente este raciocínio. Em alternativa, a falta de efeitos de tratamento nas concentrações séricas de Ca e a redução da prevalência de hipocalcemia podem estar associadas a uma capacidade de leite moderada e demanda subsequente de Ca para a síntese de leite de vacas Holandesas x vacas Gir, juntamente com a paridade das vacas avaliadas neste experimento (Madalena et al., 1979; Rezac et al., 2014; Leno et al., 2017).

Rendimento total de leite e componentes

O rendimento de leite também foi maior (P = 0,04) em vacas do grupo SUPP em comparação com vacas do grupo CON durante o período experimental (Figura 3; Tabela 3), e não foram detectadas diferenças de tratamento (P ≥ 0,13) em relação a gordura do leite, total, caseína, lactose, ST e CCS (Tabela 3). A produção de leite de proteína total, caseína e lactose foram maiores (P ≤ 0,02) em vacas do grupo SUPP em comparação com vacas do grupo CON, enquanto a produção de leite de energia, gordura e ST não diferiram (P ≥ 0,12) entre os tratamentos (Tabela 3). Além disso, a produção de caseína do leite foi maior em vacas do grupo SUPP em comparação com as do grupo CON durante a primeira semana de lactação (0,56 vs. 0,43 kg/d de caseína, respectivamente, durante os primeiros 7 DEL; EPM = 0,03). Dado que 65% do Ca no leite de bovinos estão associados com a caseína (Griffin et al., 1988), parece plausível que o SUPP tenha impedido a diminuição das concentrações séricas de Ca durante os primeiros 5 DEL, apesar do aumento da excreção de Ca no leite. É importante notar que a produção de leite anterior equivalente a 305-d não foi uma co-variável significativa para o rendimento diário de leite (P = 0,72) e componentes (P ≥ 0,33) no presente experimento. Outros autores também relataram um aumento do rendimento de leite de vacas em lactação precoce que receberam dietas pré-parto com DCAD baixo ou negativo (Siciliano-Jones et al., 2008; Rezac et al., 2014; Leno et al., 2017), incluindo pesquisas que não detectaram alterações em concentrações de Ca no sangue (DeGroot et al., 2010; Weich et al., 2013). Esse aumento do rendimento de leite foi atribuído à melhoria da saúde metabólica e ao aumento de IMS pós-parto em vacas que receberam dietas com DCAD reduzido (DeGroot et al., 2010; Leno et al., 2017), embora a ingestão total de alimentos não tenha sido avaliada neste estudo. Em contrapartida, os efeitos do DCAD pré-parto nos componentes do leite têm sido variáveis, com estudos que relatam um aumento da lactose no leite e redução de CCS (Weich et al., 2013), redução da gordura do leite (DeGroot et al., 2010), ou nenhuma alteração substancial na composição do leite, à medida que o DCAD diminuiu (Rezac et al., 2014; Leno et al., 2017). Da mesma forma, a composição do leite não foi afetada pelos tratamentos no presente experimento, embora as diferenças numéricas registradas na gordura do leite e ST apresentaram resultados semelhantes (P ≥ 0,12) para LCG, LCE e leite corrigido para ST entre as vacas do grupo SUPP e CON (Tabela 3). Talvez o tamanho da amostra utilizado neste estudo tenha impedido as diferenças numéricas relatadas para gordura do leite, lactose, LCG e leite corrigido para ST de alcançar um significado estatístico, apesar de serem suficientes para detectar as diferenças de tratamento no rendimento de leite e na produção de caseína do leite.

PC e ECC das vacas e respostas fisiológicas

As vacas apresentaram mudanças fisiológicas, de PC e ECC associadas ao parto e ao início da lactação

como evidenciado por alterações temporais (efeitos do dia; P < 0,01) em PC, ECC (Tabela 2), e todos os metabolitos séricos e hormônios (Figuras 4 e 5; Vazquez-Añon et al., 1994; Jorritsma et al., 2003). Não foram detectadas diferenças de tratamento nos parâmetros PC e ECC (P ≥ 0,30) antes e após o parto (Tabela 2) ou durante todo o período experimental (dados não mostrados), como anteriormente relatado por outros autores (DeGroot et al., 2010; Rezac et al., 2014; Leno et al., 2017). Alternativamente, a falta de diferenças de tratamento em PC e ECC também pode estar associada com o tamanho limitado da amostra utilizada neste experimento, apesar das diferenças numéricas em ECC entre vacas dos grupos SUPP e CON serem biologicamente negligenciáveis (Roche et al., 2009). Não foram detectadas diferenças de tratamento (P = 0,77) para as concentrações séricas de IGF-I e insulina (Figura 4), que são marcadores fisiológicos essenciais de mudanças de PC e ECC, bem como do status de nutrientes do gado leiteiro (Busato et al., 2002; Butler, 2003). Estes resultados indicam que as vacas do grupo SUPP mantiveram PC, ECC e status nutricional semelhantes aos das vacas do grupo CON, apesar das diferenças observadas no rendimento de leite (Tabela 3), sugerindo um potencial aumento de IMS pós-parto por vacas do grupo SUPP (DeGroot et al., 2010; Leno et al., 2017). Por sua vez, uma interação tratamento x dia foi detectada (P < 0,01) para glicose e teve tendência para ser detectada (P = 0,08) para ácidos graxos séricos (Figura 5), que também são modulados pela ingestão de nutrientes (Butler, 2003). As vacas que receberam SUPP apresentaram menos (P < 0,01) concentrações de glicose sérica no parto (d 0), e maior concentração sérica de ácidos graxos (P ≤ 0,01) no dia -3 e no parto em comparação com as vacas do grupo CON. Parece plausível que a utilização da glicose e a mobilização de lipídios perto do período do parto aumentaram em vacas do grupo SUPP para apoiar sua maior produção de leite, especialmente durante os primeiros 5 DEL, em comparação com as vacas do grupo CON (Grummer, 1995). Coletivamente, o tratamento com SUPP não alterou substancialmente o status nutricional geral e metabólico de vacas Holandesas x vacas Gir durante o período de transição, além de alterações transitórias nas concentrações séricas de glicose e ácidos graxos, provavelmente associadas ao aumento da produção de leite de vacas do grupo SUPP. Uma tendência de interação tratamento x dia também foi detectada (P = 0,09) para a concentração sérica de cortisol, que foi maior (P = 0,03) em vacas do grupo CON em comparação com as do grupo SUPP no parto (d 0; Figura 5). Não foram detectadas diferenças de tratamento (P = 0,82) para as concentrações séricas de haptoglobina (Figura 4), embora o cortisol elevado tenha sido associado positivamente às concentrações de haptoglobina no gado (Cooke, 2017). As pesquisas que investigam os efeitos do DCAD pré-parto no cortisol circulante e nas concentrações de haptoglobina durante o período de transição são limitadas, embora a hipocalcemia clínica aumente as concentrações plasmáticas de cortisol em vacas leiteiras (Horst and Jorgensen, 1982). No entanto, os resultados deste experimento sugerem que as vacas do grupo SUPP apresentaram uma redução na reação a corticosteroides induzida pelo estresse metabólico e pelo trauma do parto e do início da lactação, sem afetar a resposta de haptoglobina resultante (Hudson et al., 1976; Trevisi and Bertoni, 2008; Cray et al., 2009; Cooke et al., 2012).

CONCLUSÕES

A inclusão de ANM no tratamento SUPP reduziu com sucesso o pH da urina pré-parto para próximo de 6,0 em vacas Holandesas x vacas Gir, sem diminuição da ingestão de concentrado em comparação com grupo CON, que receberam cloreto de amônia resultando em um pH de urina pré-parto próximo de 7,0. Embora as concentrações séricas de Ca durante os primeiros 5 DEL não tenham sido afetadas pelos tratamentos, o SUPP afetou temporariamente a as concentrações séricas de glicose, ácidos graxos e de cortisol próximo do período do parto e aumentou

o rendimento de leite durante os primeiros 30 DEL em comparação com CON. Da mesma forma, outros autores relataram benefícios metabólicos e produtivos do fornecimento de suplementos aniônicos (DeGroot et al., 2010; Weich et al., 2013) tais como ANM (Leno et al., 2017) para diminuir o pH da urina pré-parto para próximo de 6,0, principalmente em vacas Holandesas altamente produtivas que receberam TMR pré-parto. Seria possível argumentar que os resultados relatados neste estudo não podem ser especificamente associados com o pH da urina ou com a estratégia de suplemento, uma vez que este delineamento experimental não continha um tratamento que produzisse um pH de urina próximo de 6,0 utilizando cloreto de amônia. No entanto, os resultados deste experimento e Leno et al. (2017) sugerem que ANM diminui com eficácia o pH da urina pré-parto, resultando em maior produção de leite no gado leiteiro com diferentes capacidades de produção e sistemas de alimentação pré-parto.

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